terça-feira, 22 de outubro de 2013

En Passion (1969), de Bergman

O que dizer da metalinguagem no cinema? Poderíamos dizer que é uma tendência no documentário contemporâneo? O cinema falando de si? Uma linguagem usada fazendo referência a uma linguagem em si mesma?
No caso do documentário, um básico exemplo de metalinguagem é o filme "O homem com a câmera", do cineasta russo Dziga Vertov, de 1929. No caso de ficcão no cinema clássico sugiro para vocês "En Passion" (A paixão de Ana), de Ingmar Bergman, de 1969. 


O filme é sensacional. Pensar que naquele tempo o que parece "moderninho" nos dias de hoje já era muito bem desenvolvido como linguagem. 
Um homem em crise com o fim do casamento começa um relacionamento com Ana, uma viúva que acaba de perder o marido e o filho em um acidente de carro. Naturalmente a coisa não vai bem e para confrontar essa relação duvidosa, um louco desconhecido começa a cometer crimes contra os animais na ilha onde vivem os protagonistas. Um paralelo bem ousado que nos faz refletir sobre a "questão humana". 

É possível ver online: 
http://filmesonlinetocadoscinefilosvideos.blogspot.com.es/search?q=a+paixão+de+ana





sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Grizzly Man, de Werner Herzog, 2005

Fiz uma pequena viagem no fim de semana passado, mas agora estou de volta! No trem voltando do aeroporto conheci dois alemães que por coincidência trabalham/estudam cinema e quando conversamos sobre minha área de investigação, o documentário, logo falaram do diretor  alemão Werner Herzog. Em princípio não reconheci quem seria e nem me dei conta quando citaram seu famoso filme "O homem-urso", os alemães se exaltaram, como se fosse impossível alguém que estuda documentário não ter visto esse filme. Enfim, como não queria parecer uma aberração no meio acadêmico cinematográfico (hehehe), fui assistir...

Está fácil de baixar http://thepiratebay.sx/torrent/3463390/Grizzly.Man.2005.Werner.Herzog.Xvid
Legendas em portuguêsm em http://www.opensubtitles.org/pt/search/imdbid-c/sublanguageid-por,pob/moviename-grizzly%20man

Pois, O Homem-urso na minha opinião tinha tudo para ser realmente um grande filme, mas a voz em off com os comentários do diretor, somados à música de fundo tristonha, transformaram o documentário em uma grande reportagem molodramática. Definitivamente esse é um doc que poderia ter sido brilhantemente montado com o material de arquivo realizado pelo crazy ambientalista e amante dos ursos Timothy Treadwell. 
Timothy viveu seus treze últimos verões na costa do Katmai National Park, no Alasca, onde filmou por dezenas de horas seus contatos imediatos com os ursos da região. Além dos belos registros desta fauna, ele também fazia uma espécie de diário, onde expressava seus conflituosos sentimentos diante da câmera e também gravações de momentos explicativos, como cabeças jornalísticas. Tudo isso daria uma bela edição, mas o diretor optou por focar o doc numa espécie de reconstituição do fato de Timothy e sua namorada terem sido brutalmente mortos, atacados por um urso. Vale a pena assistir para entender que o material gravado para um filme não tem vida própria, trata-se da decisão absoluta do diretor e do montador. O arquivo audiovisual de Timothy Treadwell é muito rico e renderia muitos "filmes".



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Duas ou Três Coisas que Eu Sei Dela, de Godard, 1967


Uma outra aula bem interessante que tenho esse trimestre no Mestrado de Cine é sobre cinema nas salas de exposição, cinema nos museus, com o professor espanhol Carles Guerra. O que os museus exibem com mais frequência, como bem sabem, são ensaios, videoarte e documentários, pela propriedade crítica e reflexiva típicas desses produtos audiovisuais.
Para dar início a essas aulas, Guerra sugeriu trabalharmos com o filme "Duas ou três coisas que eu sei dela", de Jean-Luc Godard, de 1967. Pode ser visto online, com legenda em português, no link abaixo:



Esse filme foi inspirado por 2 artigos escritos pela jornalista Catherine Vimenet sobre prostituição nos subúrbios. "O "Dela" no título do filme se refere à Paris dos anos 60, um retrato da sociedade de consumo, em meio à pobreza das massas e conflitos como a Guerra do Vietnã. Um dos exemplos dessa atmosfera é Vlady, uma dona-de-casa que se divide entre cuidar da família e a prostituição, o meio mais fácil que encontra para poder ganhar dinheiro e satisfazer suas necessidades mais frívolas", conforme citado no site: 


Trata-se de um filme que não se pode classificar como ficção nem documentário. Godard rompe com os padrões e propõe um ensaio, um filme reflexivo. Depois de produzido o filme inclusive provocou debates sociais sobre a mulher, sobre o corpo da mulher na sociedade capitalista como algo rentável. Houve programas de tv com debates, como no link abaixo, em que também acontece uma entrevista realizada por Godard a uma jovem francesa que se prostituía esporadicamente, assim como a personagem principal de seu filme. Veja o programa:




Carles Guerra escreveu um artigo bem interessante sobre a sequência 5, plano 1, desse filme. Um plano sequência largo em que a protagonista leva sua filha pequena para que um senhor tome conta enquanto ela vai se prostituir. Esse mesmo senhor em sua casa cuida de outras crianças e aluga os quartos para prostituição. Um bela reflexão sobre tempo e espaço na sociedade capitalista contemporânea. Vale dar uma lida no artigo de Guerra: 




De uma maneira geral vejo no filme uma artificialidade nos atores, nos planos, na forma em que é trabalhado o som e a imagem, como se tudo estivesse deslocado nessa sociedade apresentada por Godard. As pessoas parecem mecânicas, alheias ao espaço em que ocupam, uma relação interessante com o estilo de vida capitalista que transparece brilhantemente na proposta de linguagem do diretor.







domingo, 6 de outubro de 2013

Do outro lado do rio, de Bambozzi, 2004

Em paralelo às demandas da Universidade, tenho lido alguns livros que trouxe do Brasil que recomendo http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=22325754


Em seu artigo "Cinema Documentário e efeitos de real na arte" do livro Ensaios no Real, Andrea França cita um doc brasileiro realizado em 2004 que mistura videoarte com entrevistas interessantes, chama "Do outro lado do rio", de Lucas Bambozzi.










Dá para assistir pelo Vimeo completo, gostei:


DO OUTRO LADO DO RIO from lucas bambozzi on Vimeo.

Hitchcock, Marker e Lynch


Comecei minha "jornada investigativa" com um cruzamento muito interessante proposto pelo meu professor de Metodologia 1,
Santiago Fillol (http://ocec.eu/pdf/2005/fillol_santiago.pdf). Estamos trabalhando um texto muito bom, apesar de antigo, de Walter Benjamin, "A obra de arte da era da reprodutividade técnica". 
Abaixo link com o pdf:
Nesse texto Benjamim fala muito sobre o conceito de aura da imagem e para exemplificar Santiago citou "Um corpo que cai", de Hitchcock, inclusive que filme! Incrivelmente eu ainda não tinha assistido e me apaixonei, um filme atemporal, instigante!
http://filmesonlinetocadoscinefilosvideos.blogspot.com.es/search?q=hitchcock (nesse link vc consegue ver muitos clássicos online)



Em "Sans Soleil", de Chris Marker, http://www.imdb.com/title/tt0084628/ existe uma citação de um trecho de "Um corpo que cai", vale assistir os dois e tentar entender o insert feito por Marker em seu documentário.


Outra coisa que vale muito a pena pensar é um passado com Hitchcock e "Um Corpo que cai", de 1958, e em David Lynch com Mulholand Drive feito em 2001. Lynch seria um Hitchcock contemporâneo?

Estreando

Pois, aqui estou inaugurando meu primeiro e único Blog! Quem me conhece sabe que não sou boa nessas coisas, mas a vontade de compartilhar minhas investigações no âmbito do Documentário foi maior. Já faz um tempão que não escrevo e preciso desenferrujar...
Nessa temporada 2013/2014, em que estarei em Barcelona fazendo um Mestrado em Cinema (http://www.upf.edu/mastercinema/), com minha tese focada em Estética do Documentário, entrarei em contato com muita coisa bacana que desejo eternizar por aqui...
A primeira coisa que me perguntam quando digo que estou fazendo um Mestrado em Cinema é: ah, que legal e vc já fez algum filme? Essa pergunta me persegue há anos, desde que saí do jornalismo e comecei a trabalhar como Diretora de Conteúdo freelancer em produtoras de vídeo. Esse assunto já foi tema de muitas crises pessoais, por que nunca fiz um filme? Em 2009, fiz uma especialização em documentário em Buenos Aires e nosso projeto final era um projeto de documentário, meu famoso "Vira-lata" que acabou nunca saindo do papel... Por que? Cansei de me fazer essa pergunta e por enquanto entendo que o jornalismo continua em mim. Sou verbal, me expresso bem com palavras. Artistas, cineastas precisam encontrar formas para se expressarem, eu não sinto essa necessidade, quem sabe esse seja o caminho para as respostas que procuro. Não importa, vamos PENSAR Cinema, sobretudo Cinema Documentário, que talvez possa chegar o FAZER...