segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Cruzamento estético da representação documental da execução humana. (Parte 1: Introdução)


Desde seu começo em meados dos anos 30, quando seu título “documentário” apareceu pela primeira vez com o filme “Moana(1926), de Robert Flaherty, passando pelo jornalismo, misturando ficção e realidade, o documentário busca seu próprio discurso livre, sobretudo livre de preconceitos. “Para hacerse reconocer como arte, la fotografía tuvo que luchar contra su propria función documentalista. Alrededor de 1930, sin embargo, surgió la ideia de que en un mismo gesto podían conciliarse el arte y el documento”, disse Jean Breschand. [1]
O cinema documentário evoluiu, desenvolveu sua relação com o mundo real, sua mirada. Hoje, reconhecemos o surgimento de um novo documentário, que influenciado pelas tecnologias digitais, vai acentuando várias características que o aproxima do cinema de ficção e cada vez mais o distancia das reportagens jornalísticas.
Como bem observa Breschand, “el estreno en salas comerciais, a menudo con éxito, de películas documentales, muestra un cambio en las formas del relato fílmico (...).” [2]
“Con el desarrollo de la industria del cine como medio de representación y comprensión del mundo, se plantea la cuestión del estatuto de lo que muestran las películas. (...) Los cineastas harán del documental el lugar de una toma de consciencia del mundo, de sus múltiples niveles de realidad, de una forma que ni las actualidades, demasiado elípticas, ni la ficción, demasiado artificial, los representan a los espectadores.” [3]
Cezar Migliorin em seu artigo sobre o novo documentário brasileiro e a política das imagens, fala que o documentário é multiplicidade, incerteza e liberdade.
A busca de uma maneira de abordar o mundo, de estar em contato com outras vidas e outros espaços nunca esteve tão próxima de um problema estético, de uma reflexão sobre os modos de operar essa aproximação, esses encontros entre cenas”.[4]
Cada vez mais a estética parece estar diretamente relacionada com o conteúdo em um filme. Rudolf Arnheim reflete que o conteúdo e a forma caminham juntos em uma película.
Seu trabalho artístico consistiu em apresentar coisas ou situações - fictícias ou imaginárias - como arte, construída a partir dos recursos de determinados materiais de expressão, que se passam por, ​​ou parecem caracterizar, estes temas a partir do que é exposto visualmente. Para se construir uma obra de arte visual não só a imagem é importante, mas também - e sobretudo - o modo de enriquecimento do material utilizado que dá, por assim dizer, o tom com ajuda do qual será conduzida a obra.” [5]
Escolhi então, trabalhar três sequências de três documentários: “The act of killing” (2012), de Joshua Oppenheimer; 

“S21: a máquina de matar do Khemer Vermelho” (2003), de Rithy Panh 

e “Queridíssimos verdugos” (1977), de Basílio Martín Patino. 

Três filmes de épocas e realidades distintas, trabalhando de maneira completamente diferente um conteúdo comum: a execução humana, abordada a partir do ponto de vista dos executores. Os três documentários utilizam o recurso da dramatização para representar ações acontecidas no passado, o conhecido “docudrama” como cita Antonio Weinrichter:
“Surgido en los años 40 como un formato privilegiado por la televisión británica, el docudrama se caracteriza por emplear una estrategia de dramatización de hechos reales: los sujetos actúan para la cámara “haciendo de sí mismos” en una reconstrucción de su realidad vital. Es una variante muy discutida del documental pues lo sitúa en contacto directo con la temida ficción.” [6]
            Do jornalismo à ficção, de “Queridíssimos verdugos” a “The act of killing”, este breve trabalho investigativo tem como objetivo analisar a dimensão estética de três fragmentos a partir de seu conteúdo. Refletindo com Rudolf Arnheim, me pergunto: a escolha do conteúdo dita sua forma? Questionando sobre a memória histórica, Breschand se pergunta:
“Cómo filmar al enemigo? Qué se filma de una entidad anónima? Cómo filmar el contraplano impensable de millones de muertos, de una exterminación cuyo único residuo es la nada que la manifesta? Es preciso encontrar el modo de enfrentarnos a lo infamable, de invocar una imagen de lo que no tiene rosto ni medida, lo que no se ve y sin embargo palpita de presencia, irradiando el presente.[7]



[1] Breschand, J. (2004). El documental: la otra cara del cine. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, S.A. pág.08
[2] Idem, pág.04
[3] Idem, pág.17
[4] Migliorin, C. (org.) (2010). Ensaios no real. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, pág. 10
[5] Arnheim, R. (2012) Cinema como arte: as técnicas da linguagem audiovisual. Rio de Janeiro: Muiraquitã: FAPERJ, pág. 138
[6] Weinrichter, A. (2004) Desvíos de lo real: el cine de no ficción. Madrid: T&B Editores, pág. 37
[7] Breschand, J. (2004). El documental: la otra cara del cine. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, S.A. pág.47

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